200 mil palestinos retornam ao norte de Gaza após início do cessar-fogo Israel‑Hamas

200 mil palestinos retornam ao norte de Gaza após início do cessar-fogo Israel‑Hamas

200 mil palestinos retornam ao norte de Gaza após início do cessar-fogo Israel‑Hamas

Por volta do meio‑dia de 10 de outubro de 2025, cerca de 200 mil palestinos começaram a voltar para o norte da Faixa de Gaza, depois que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor. A informação veio de Mahmud Basal, porta‑voz da Defesa Civil de Gaza, citado pelo Times of Israel. O retorno massivo marca a primeira grande movimentação civil desde que o acordo, anunciado em 8 de outubro de 2025, foi firmado em CairoEgito.

Contexto histórico: da invasão de 2023 ao acordo de outubro de 2025

O conflito começou quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando mais de 1.200 civis e capturando 251 reféns. Em resposta, Israel lançou uma campanha aérea que, segundo números do próprio Hamas, ocasionou a morte de cerca de 60 mil palestinos em dois anos de bombardeios.

Ao longo desse período, inúmeras rodadas de negociação fracassaram, até que a pressão diplomática – liderada pelos EUA, Turquia e Egito – impulsionou a assinatura de um plano de paz em 8 de outubro. O documento previa a libertação de todos os reféns israelenses, a devolução dos restos mortais das vítimas palestinas e a troca de prisioneiros.

Detalhes do retorno de refugiados palestinos

Na sexta‑feira, os primeiros ônibus começaram a sair da zona sul de Gaza, atravessando corredores humanos controlados por forças da ONU. Famílias inteiras carregavam poucos pertences, mas carregavam também a esperança de reconstruir suas vidas. "Aproximadamente 200.000 pessoas voltaram ao norte de Gaza hoje", afirmou Mahmud Basal, que descreveu o movimento como "um passo histórico rumo à normalidade".

Os centros de acolhimento em Rafah e Khan Younis ainda operam em capacidade reduzida, mas receberão gradualmente mais recursos da Turquia, que anunciou uma força‑tarefa para localizar restos mortais e prestar ajuda humanitária.

Liberação de prisioneiros e reféns: números e controvérsias

No mesmo dia, Israel liberou quase dois mil palestinos que estavam detidos desde o início da guerra. O acordo estabelecia a saída de 250 condenados por assassinato, 1.700 detidos administrativos e 22 jovens políticos. Além disso, corpos de 360 militantes foram entregues às famílias.

Entretanto, críticos ressaltam que nenhum dos comandantes de alto escalão do Hamas foi incluído na troca. Segundo a Reuters, parentes de presos ainda presos acusam o governo israelense de "manter as cartas na manga".

Já o último grupo de 20 reféns israelenses, mantidos sob cativeiro por mais de dois anos, foi libertado na madrugada de 13 de outubro, conforme anunciado por Hossam Badran, membro do escritório político do Hamas. O prazo original para a entrega dos corpos dos reféns mortos expirou às 6h (horário de Brasília), mas o Hamas solicitou prorrogação para concluir a busca.

Reações internacionais e discursos de líderes

Reações internacionais e discursos de líderes

Na segunda‑feira, 13 de outubro, representantes de mais de trinta países assinaram um documento de suporte ao cessar‑fogo em Cairo. Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, discursou no Parlamento israelense, descrevendo o dia como "um marco histórico, o fim de uma era de mortes". "Fizemos o impossível e trouxemos nossos reféns de volta para casa", declarou.

Do lado israelense, Benjamin Netanyahu declarou que o Oriente Médio entra em "tempos de paz", mas enfatizou que a segurança de Gaza permanecerá sob controle israelense por um período ainda a definir.

O Hamas, por sua vez, não compareceu à cerimônia em Egito, segundo agência AFP, mas garantiu que cumprirá sua parte do acordo, enquanto mantém a postura de resistência caso as hostilidades sejam retomadas.

Desafios e perspectivas para a segunda fase de negociações

Mesmo com o cessar‑fogo, questões críticas permanecem em aberto. Israel insiste na entrega total das armas do Hamas e na garantia de que nenhum governo palestino, seja sob o Hamas ou a Autoridade Palestina, controle Gaza sem supervisão israelense. Por outro lado, o Hamas demanda a retirada completa das tropas israelenses e a abertura de fronteiras para reconstrução.

"As tratativas serão complexas e difíceis", alertou Hossam Badran. Ele acrescentou que, sem consenso, o acordo pode colapsar e levar a uma nova escalada.

Especialistas em Oriente Médio apontam que a presença de forças de paz da ONU em Gaza ainda é incerta e que a ajuda internacional pode ser condicionada a verificações de desarmamento. Enquanto isso, a população civil, que já vive em acampamentos improvisados, teme que novos bloqueios de suprimentos compliquem ainda mais a recuperação.

O que vem a seguir: monitoramento e possíveis cenários

O que vem a seguir: monitoramento e possíveis cenários

Nos próximos dias, a comunidade internacional deve observar a implementação dos prazos de troca de corpos e a manutenção dos corredores humanitários. Se Israel iniciar operações de ocupação parcial, como sugerido por alguns analistas, o retorno de refugiados pode ser interrompido.

Por outro lado, um progresso sólido nas negociações de desarmamento poderia abrir caminho para um plano de reconstrução financiado por doadores europeus e pelos Emirados Árabes Unidos.

Em resumo, o cessar‑fogo representou um alívio imediato, mas a estabilidade de Gaza dependerá de uma série de acordos subsequentes que ainda estão por vir.

Perguntas Frequentes

Quantas pessoas retornaram ao norte da Gaza após o cessar‑fogo?

Cerca de 200 mil palestinos foram registrados nos corredores humanitários que ligam o sul ao norte da Faixa de Gaza entre 10 e 12 de outubro de 2025, segundo a Defesa Civil de Gaza.

Quais foram os principais termos do acordo de cessar‑fogo?

O pacto exigiu a libertação de todos os 20 reféns israelenses, a troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos, a devolução dos restos mortais das vítimas e a criação de corredores seguros para o retorno de civis ao norte de Gaza.

Qual o papel dos Estados Unidos no processo?

Os EUA, representados por Donald Trump, foram os principais mediadores do acordo, organizando a assinatura em Cairo e prometendo apoio econômico e de segurança ao Israel pós‑conflito.

Quais são os principais obstáculos para uma paz duradoura?

Israel quer garantias de desarmamento total do Hamas e controle permanente sobre Gaza, enquanto o Hamas exige retirada completa das forças israelenses e autonomia política sem interferência externa.

Como a comunidade internacional está ajudando na reconstrução?

Turquia lançou uma força‑tarefa para buscar restos mortais e apoiar hospitais, enquanto a União Europeia e o Qatar anunciaram fundos de até 2 bilhões de dólares para infraestrutura, água e energia em Gaza, condicionados à paz duradoura.

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Michele Souza
Michele Souza outubro 14, 2025

Bom ver tantas famílias voltando, é um sinal de esperança! Vamos torcer pra que a reconstrução seja rápida.

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