Disney+ chegou ao topo das paradas de streaming em oito países com sua nova produção coreana Polaris. O thriller político, com nove episódios, tem Jun Ji-hyun no papel de Seo Moon-joo, uma diplomata que mira a presidência sul-coreana. Desde a estreia em 10 de setembro, a série conquistou público em Coreia do Sul, Hong Kong, Japão, Taiwan, Singapura e Turquia, superando obras concorrentes e provando que o investimento pesado da Disney+ está rendendo frutos.
O sucesso inesperado e o esforço financeiro da Disney+
O desempenho de Polaris vai além dos números de visualização. Cada episódio recebeu um cachê de 300 a 400 milhões de won apenas para os talentos principais, valores que ultrapassam os custos de Moving, outro sucesso anterior da plataforma. Essa elevação de orçamento evidencia a estratégia da Disney+ de se posicionar como referência em conteúdo original coreano, um segmento que tem atraído audiências globais.
Na Coreia do Sul, a plataforma ainda ocupa a última posição entre as OTTs, com 2,57 milhões de usuários ativos mensais. Em contraste, Netflix acumula quase 15 milhões, seguido por Tving e Coupang Play. Depois da queda de cerca de dois milhões de assinantes ao fim de Moving, a Disney+ viu em Polaris uma chance de reverter esse quadro e reconquistar a confiança dos espectadores.
Especialistas de mercado apontam que o timing da série foi crucial. A concorrência com a Netflix é intensa, e a Disney+ tem buscado diferenciação por meio de narrativas politicamente carregadas que ressoam com públicos jovens e engajados. O retorno positivo nas métricas de visualização tem gerado otimismo de que novas temporadas ou projetos semelhantes possam ser financiados, reforçando a presença da empresa no ecossistema coreano.

Polêmica na China: da pirataria ao protesto
Em meio ao êxito, Polaris também despertou uma onda de críticas vindas da China. Um trecho em que a personagem de Jun Ji-hyun questiona "por que a China prefere a guerra" e menciona possíveis bombas nucleares nas fronteiras foi editado e compartilhado em comunidades online chinesas, provocando indignação.
Vale lembrar que a Disney+ não está disponível legalmente na China. O acesso ao conteúdo ocorreu por meio de plataformas de pirataria, fato destacado pelo professor Seo Kyung-duk, da Sungshin Women’s University, que denunciou a contradição de usuários chineses assistirem a um serviço proibido e, depois, reclamarem de seu conteúdo. "Eles podem assistir e criticar, mas não podem denunciar a Disney+ porque nem está presente aqui", afirmou Seo em post nas redes sociais em 24 de setembro.
Seo também acusou os internautas de "roubar conteúdo e depois fazer alarde sem vergonha", sugerindo que a reação estava ligada ao receio chinês de perder espaço cultural frente ao crescente domínio do K‑content. Ele propôs que, se houver reclamações legítimas, elas deveriam ser dirigidas à produtora ou à Disney+, em vez de se limitar à retórica nas redes.
Jun Ji-hyun, por sua vez, tentou distanciar a novela dos impactos comerciais. A atriz declarou que as supostas cancelamentos de publicidade na China não têm relação com a polêmica, pois as decisões foram tomadas antes da estreia de Polaris. Ainda assim, a repercussão gerou debates sobre a responsabilidade de artistas e estúdios ao abordar temas sensíveis em mercados tão restritos.
Para a Disney+, o desafio agora é equilibrar o conteúdo provocativo— que lhe rende notoriedade— com a necessidade de não alienar potenciais parceiros de negócios em regiões como a China. O futuro da série, incluindo possíveis renovações ou spin‑offs, dependerá em parte de como a empresa gerenciará essa tensão entre criatividade e diplomacia comercial.
Observadores da indústria concordam que o desempenho de Polaris será um termômetro para as próximas apostas da Disney+ na Coreia. Se a série mantiver a taxa de retenção e continuar a atrair assinantes, a empresa pode confirmar a estratégia de grandes investimentos em produções locais. Caso contrário, poderá reavaliar o modelo de alto custo por episódio e buscar formatos mais sustentáveis.